quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quase inocência



Já faz tanto tempo que essas coisas nubladas sumiram. Todas as palavras que foram ditas se esconderam em algum lugar no meu coração para que os meus passos se encontrem com aqueles mesmos olhares simples, sem medo, sem culpa, apenas ali no seu lugar.

As asas que levaram os seus sentimentos aos cantos de cada passo, cada escada, cada lágrima, foram colocadas no fundo de meus sonhos mais brancos e quase indefinidos pela lembrança. 

Por todo esse tempo ainda estava escrito as palavras que eles pediram um dia para serem sempre ditas. Se fossemos agradar nossos sentimentos, poderíamos nos estender por todo tempo que fosse para entender como essas coisas ficam no seu lugar, em seu instante, em seu sorriso, em sua lágrima, em nosso coração.

Os passos que foram dados nas gramas úmidas daquele mesmo caminho, morreram, nasceram, morreram e nasceram novamente inúmeras vezes, e nem percebemos quando estávamos ali, sentados, debruçados, correndo, caminhando, ou até mesmo dormindo por cima delas.

Tudo isso se foi, e continua indo para que sempre fique escrito, sendo noite ou dia, lhe procurando para levar para casa, cuidando das suas mãos, de seus olhos para não ferirem mais do que estão, além do que você conseguiu ver quando estava ali.

Seus olhos ainda seriam os mesmos olhando para ela, quando chegamos molhados de mais uma chuva. Aquelas chuvas que não faziam mal a ninguém, apenas caiam, encharcavam o chão, e limpava as impurezas de nossa quase inocência. Depois o sol beijava cada espaço e tudo voltava a ser como era antess, voltando aos instantes que nunca mais poderiam ser outra vez da mesma forma que foram. 

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