quarta-feira, 1 de abril de 2009

Relógio


Esse frio me aperta pelos braços,

Fechando minha camisa e me fazendo olhar para o chão,

Os passos seguem meu medo de cair,

Atrás de mim apenas minha ilusão.


Meu relógio é o dia nascendo e a noite chegando,

E assim vai...

Os dias passam pela janela com os carros parando,

E as palavras fogem de mim.


As gotas descem levemente pelo vidro,

E escorrem como lágrimas para meu olhar perdido,

Deixando o dia nascer em meus sonhos,

Lembrando de você longe de mim.


Passos curtos para evitar a queda,

Sem medo de mergulhar em seus lábios,

Sem medo de me perder,

Deixando você se perder de mim.


Meu relógio é o dia nascendo na sua janela,

É a noite que me faz voltar com os mesmos passos que fui,

É o meu olhar parado e inerte,

É o seu beijo que ainda espero.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Carta para um iglu


Se fosse para fugir,

Eu sairia pelos fundos ou pelas esquinas.


Lá fora, o medo

Aqui o silêncio, me abraça,

O meu sangue escorre em seus braços.


Feito um anjo,

Você se lembra do outro dia

Em que as nuvens eram de neve

E o céu ainda era azul.


Abra seus olhos,

Há muito o que ver,

Não deixe o mundo

Te forçar a ser o que não é.

Sem um verso para te mostrar


A vida está passando devagar,

Enquanto durmo as estrelas brilham no céu,

O silêncio atravessa as ruas, praias e mares,

O vento encara as árvores e suas folhas caem no chão.


Os rios cercam as ilhas que são suspensas em minha solidão,


Plantei as flores que encontrei em meus sonhos,

Arranquei as palavras de meu coração,

Dei o presente aos anjos e depois fui dormir.



Caminhei por florestas sem direção,


Procurando respostas nas folhas caídas nas claras águas do mar,

Sendo levadas devagar para sempre de mim,

Sem me deixar um verso para te mostrar.


O dia vem leve e solene,


Distribuindo cores nos jardins e campos,

Procurando se esconder de quem nem viu sua primeira luz,


Se eu acordar vou poder saber quem está a me esperar.


O frio que isso causa em meu coração


Deixa um vácuo para ser ocupado,

Todo o vazio acaba por se estender pelos meus olhos cansados,

E as asas dançam levemente no vento que me traz até você.

Inevitável presença irreal




O vento beija meu rosto,

De leve toco em meus olhos,

Sinto a dor em meu peito,

Os anos se passaram.


De volta para casa,

De volta sem arrependimentos,

Chego e me deito,

O cansaço me envolve e durmo.


Uma volta no tempo,

Um tempo que se foi,

A força me leva de volta,

É inevitável.


Pelas ruas eu atravesso,

Ninguém me espera,

Todos estão olhando para o céu,

E eu continuo sem poder parar para olhar.


E tudo isso vai embora,

Sem poder sentir uma esperança,

Tudo vai se perdendo,

O vento leva e não traz.